Você está vivendo nos Estados Unidos sem status legal e se depara com uma proposta surpreendente: o governo está oferecendo US$1.000 e ajuda com a passagem aérea para quem aceitar sair voluntariamente do país. Parece um alívio em meio à pressão constante da imigração, mas será que essa proposta vem sem custos ocultos?
Nas próximas linhas, você vai entender como funciona o novo programa anunciado pela administração Trump, por que ele foi criado, e — o mais importante — quais são os riscos legais envolvidos para quem considerar essa opção.
O que é esse novo programa?
No início de maio de 2025, o Departamento de Segurança Interna (DHS) dos Estados Unidos lançou um novo programa de saída voluntária, com o objetivo de reduzir os custos com deportações forçadas, que atualmente ultrapassam US$17.000 por pessoa.
A proposta é simples: imigrantes em situação irregular que decidirem deixar os EUA voluntariamente receberão US$1.000 e assistência com a viagem de volta ao país de origem.
O programa é gerenciado por meio do aplicativo CBP Home (antigo CBP One), que foi reformulado para permitir que os interessados sinalizem sua intenção de sair. O DHS afirma que o processo será mais ágil e menos traumático para todas as partes envolvidas.
Por que o governo está oferecendo dinheiro para que imigrantes saiam?
A justificativa principal é financeira. O governo alega que deportações forçadas envolvem processos longos, detenções, transporte e aparato legal — o que gera um custo elevado para os cofres públicos.
Com o incentivo à saída voluntária, estima-se que o governo possa reduzir até 70% dos custos atuais com deportações.
Além disso, há um aspecto político. O endurecimento nas políticas de imigração é um tema central no discurso da atual administração. Ao mesmo tempo, oferecer uma “alternativa voluntária” pode amenizar críticas sobre abusos e maus-tratos no processo de deportação.
Como funciona o processo de adesão?
- Cadastro no aplicativo CBP Home: o imigrante informa seus dados e a intenção de deixar o país.
- Avaliação do pedido: as autoridades revisam o histórico do solicitante.
- Apoio logístico: se aprovado, o governo oferece suporte com passagens e um pagamento de US$1.000 no momento da saída.
- Priorização baixa para remoção forçada: aqueles que participam do programa deixam de ser alvos prioritários de detenção.
O governo deixou claro que o programa é voltado apenas para pessoas que não possuem antecedentes criminais graves ou ameaças à segurança nacional.
Quais são os riscos legais?
Apesar de parecer uma saída “menos dolorosa”, especialistas alertam que optar por esse programa pode trazer consequências legais graves, incluindo:
- Proibição de reentrada: imigrantes que viveram ilegalmente nos EUA por mais de 180 dias (ou mais de um ano) podem ser impedidos de retornar ao país por 3 a 10 anos, mesmo que saiam voluntariamente.
- Prejuízo a processos pendentes: quem estiver aguardando resposta de um pedido de asilo, green card ou outro benefício imigratório pode perder o direito ao sair voluntariamente.
- Dificuldade em conseguir vistos futuros: a saída voluntária não “apaga” o histórico migratório. Mesmo após o retorno ao país de origem, tentar um novo visto pode se tornar mais difícil.
Vale a pena aceitar o programa?
Essa resposta depende da situação individual de cada pessoa. Para alguns, pode ser uma oportunidade de sair do país com dignidade e algum apoio financeiro. Para outros, pode significar o fim de qualquer chance futura de retornar legalmente aos Estados Unidos.
O que está claro é que não se trata apenas de aceitar dinheiro e ir embora. A decisão envolve avaliar o histórico imigratório, os planos futuros e o impacto legal que a saída voluntária pode causar.
O que considerar antes de tomar qualquer decisão?
- Há algum processo imigratório em andamento?
- Há intenção de retornar aos EUA no futuro?
- Existe risco de detenção a curto prazo?
- A proposta está sendo avaliada com base em informação oficial ou apenas por boatos?
Conclusão
O novo programa de saída voluntária apresentado pelo governo norte-americano pode parecer, à primeira vista, uma forma prática e até humana de encerrar um ciclo migratório irregular. Mas é fundamental analisar os impactos legais antes de tomar qualquer decisão.
Aceitar a proposta sem o devido cuidado pode fechar portas para o futuro — e transformar o que parecia ser uma saída em mais um problema.